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As abelhas e as moscas

Rafael Mendes

O fato é que escrevo diariamente — e não é de hoje —, amadorescamente para mim, profissionalmente para outros, na produção responsável de conteúdos específicos. E, por assim proceder, o qualificativo de escritor, sem nenhuma veleidade, se adequa à minha realidade. Não é exagero dizer que todo escritor é um homem público, uma vez que se encontra diuturnamente exposto aos olhares e críticas alheios. Há, felizmente, quem nos elogie e incentive. Para esses amigos, a nossa gratidão.
 

Sendo certo, porém, que o elogio unânime muitas vezes advém de uma leitura superficial, ainda assim é preferível ao silêncio. O silêncio só é favorito ante a crítica maliciosa e mentirosa daqueles que, por se verem impedidos de conter a própria inveja e pela incapacidade intelectual que lhes é própria e que lhes tolhe a argumentação, projetam em terceiros a sombra que lhes empana a inteligência.
 

"Inimigos não há quem não os tenha", dizia-me há poucos dias um amigo amante dos clichês. De minha parte, se os tenho, não vieram atraídos pelos meus textos, mas por conta própria, embalados no fluxo da maldade que lhes apraz.
 

A abelha, diz um pensador, por mais que insista com a mosca que é melhor pousar na flor que no estrume, nunca a persuade. Também o escritor não deve ter a pretensão de convencer seus desafetos de coisa alguma, mas tão somente expor a sua arte com beleza e sinceridade, sem buscar reconhecimento ou aplauso. Basta-lhe conquistar o privilégio de ser lido.

Arte e espiritualidade: Texto
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